Monday 5 May 2014

Não alimente seu medo

No boxe há um ditado que diz que todo pugilista tem um plano até que leve um soco. 

Eu gosto desse ditado porque ilustra perfeitamente as batalhas que tive com meu transtorno de ansiedade. Após uma crise, quando começava a me sentir melhor, eu sempre fazia um plano do que iria fazer para controlar meu próximo ataque de pânico, mas assim que o próximo ataque chegava, meu plano sempre desmoronava como se o próprio Mike Tyson tivesse me dado um soco no nariz. Foi aí que percebi que tinha que inventar outro plano.

Para controlar a sua ansiedade você tem que ter um plano. O que quero dizer com plano é uma maneira de lidar com seus pensamentos negativos durante uma crise. O plano pode variar de pessoa para pessoa, até porque não há uma receita milagrosa que funciona para todo mundo. No entanto, eu gostaria de destacar uma técnica que eu usei. Não é um segredo, não envolve remédios e o melhor de tudo, é grátis. 

Para controlar seus sintomas de ansiedade efetivamente, você tem que fazer duas coisas. Você tem que praticar essas duas coisas repetidamente por muitas crises, por muitos dias ou até mesmo por vários meses - mas vai ajudá-lo muito a lidar com isso. Eu não estou dizendo que isso é a cura para sua ansiedade, porque não posso garantir uma coisa dessas. Mas não custa nada você tentar, certo?

Primeiro de tudo, você tem que aceitar seu problema e deixar ele de lado. Isso mesmo. Parece muito simples, mas se você pensar bem, é uma das coisas mais difíceis que você pode fazer. Você tem que aceitar seus sintomas 100% e não ficar mais nervoso quando seus sintomas aparecerem. Você já foi ao médico, já sabe que não tem nada de errado com a sua saúde, então quando a crise bater e os sintomas tomarem conta de você, lembre-se de que você é saudável e não deixe o stress tomar conta de você. Relaxe e deixe os sintomas irem embora, não fique imaginando coisas ruins. Quanto mais você deixar os sintomas te afetarem, mais tempo vai demorar para eles desaparecerem. É um círculo vicioso.

Tente entender que, quando temos um ataque de pânico, o que acontece por trás dos bastidores do seu corpo é uma descarga de adrenalina. Se você sentir medo dos seus sintomas, mais adrenalina você vai liberar e consequentemente mais sintomas você vai ter.

O que você precisa fazer é aceitar o que seu corpo e mente estão fazendo e não ficar nervoso quando isso acontece. Então, se você estiver tonto, com o coração acelerado, suando frio... lembre-se que você é saudável e esses sintomas são inofensivos. Eles vão passar logo. Você precisa ficar calmo e não pensar coisas ruins, não importa o quão intensa a crise for. Não adicione mais medo e ansiedade para o seu estado. Simplesmente continue o que estava fazendo ou procure algo para fazer. Pare por uns minutos, controle sua respiração. Mas não se desespere. Se você conseguir se manter calmo,
seu corpo vai naturalmente relaxar depois de um tempo e logo voltar ao normal.

Por que é importante não dar importância aos sintomas? 
Porque você precisa acostumar seu corpo e sua a mente a não exagerar e a não adicionar mais medo e mais stress na sua crise.

Você precisa ser firme neste processo porque você basicamente reeducando seu cérebro na sua forma de pensar. Pare o ciclo de sintomas cortando o excesso de produção de adrenalina. É por isso que você não pode ter medo dos seus sintomas e simplesmente tentar ignorá-los quando eles baterem. Pense bem, quantos dias e noites você já teve uma crise terrível de pânico? Você sobreviveu todas elas, certo? Seus sintomas são inofensivos. Portanto, seja confiante e se acalme durante uma crise. Deixe de adicionar medo e mais ansiedade para suas crises e logo seus sintomas deixarão de ser tão importantes.

Em segundo lugar, você deve ser paciente e dar tempo ao tempo. Se você praticar bastante, você vai se tornar bom na arte de não se importar. Os cenários hipotéticos de morte e tragédia que atravessam sua mente não vão mais passar pela sua cabeça o tempo todo. Isso talvez não vai curá-lo, mas te dá controle sobre a sua ansiedade. Com o tempo você vai perceber que está tendo menos encontros com os seus sintomas. 

É tão fácil assim? Não, não é. Mas se você colocar em prática o que você acabou de ler, com certeza se sentirá melhor. Você vai recuperar o controle da sua vida.
Remédios e terapia são maneiras, muitas vezes eficientes, de te ajudar a lidar com a ansiedade. Mas acredito firmemente que a única forma de você sair desse estado, é da mesma forma que você chegou nele, que é aos poucos. 

Você tem que aceitar as palpitações, fraqueza nas pernas e todos os outros bilhões de sintomas. Você já está nessa situação faz tempo. Você está tenso e cansado de tentar ficar no controle da situação, está cansado de lutar porque você vê que na verdade, quem está no controle são sintomas e não você. Dê a si mesmo a chance de descansar, permita que a ansiedade faça o que quiser. Depois de um tempo você vai ver a diferença. A ansiedade pode até permanecer, mas deixará de ter um papel tão grande e devastador em sua vida.  

Claro que você vai ter dias bons e dias ruins, mas este é um método efetivo de enfrentar suas crises e aumenta, e muito, suas chances de se sentir bem. Dada a quantidade certa de prática, logo você estará pronto para fazer o que você gostaria de fazer, sem ter que pensar se aquela maldita crise vai te incomodar. Você não vai sentir a necessidade de se trancar em casa. 

Aceite seus sintomas, entenda que eles não vão te matar e você vai ter dias melhores para sempre.

Friday 2 May 2014

Em Pânico!

Olá pessoal, vi essa matéria originalmente publicada na Revista Mente Cérebro (Edição de Outubro 2013 - Matéria por Fernanda Teixeira Ribeiro) e decidi compartilhar com vocês.

Plantas tóxicas, fome, conflitos tribais, predadores – nossos ancestrais sobreviveram a muitos riscos. Em um ambiente hostil, em que raramente se ultrapassava os 30 anos de idade, era preciso estar atento a muitos perigos para se proteger. Ao custo de sofrimento físico, perda de entes queridos e toda série de dificuldades aprendemos, por exemplo, a evitar alimentos de mau aspecto, andar por ruas desertas, desconfiar de desconhecidos. “A psique humana evoluiu em face do medo. Temos uma espécie de software – de milhões de anos, um pouco desatualizado talvez – que traz informações necessárias para nos manter a salvo”, explica o psicólogo Robert Leahy, professor da Faculdade Médica Weill-Cornell, autor de Livre da Ansiedade (Artmed, 2011). 

Adaptativo, o medo se inicia quando reconhecemos uma ameaça e se dissipa logo que ela cessa. A ansiedade, por sua vez, está associada a antecipação. Ela é natural e nos prepara para enfrentar uma situação que nos desafia ou preocupa, como provas, entrevistas, resultados de exames médicos. Nesses momentos, é normal sentir o coração acelerar, a transpiração aumentar e mesmo insônia. Quando o problema é resolvido ela vai embora. “Já a ansiedade patológica não desaparece. Ela nos imobiliza e, para não ter de enfrentá-la, fugimos das situações. É crônica e vem sempre acompanhada de sintomas como palpitação, sudorese, tontura, sensação de estranhamento, diarreia”, diz o psiquiatra Antônio Nardi, diretor do Laboratório de Pânico e Respiração (LABPR) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). É considerado transtorno psíquico quando tem duração, intensidade e frequência desproporcionais.

Em alguns casos a ansiedade pode se manifestar em crise abrupta e intensa – um ataque de pânico. Uma onda de sensações desagradáveis, como impressão de asfixia, dor no peito, dormência dos membros, receio de enlouquecer ou mesmo de morrer, que se inicia e atinge seu pico em poucos minutos. As crises podem ocorrer de forma isolada ou ter relação com algum transtorno de ansiedade. Ataques recorrentes, acompanhados pela preocupação constante de sofrer outra crise – e as possíveis consequências, muitas vezes imaginárias, que ela pode ter, como um infarto ou morte –, caracterizam, segundo o Manual diagnóstico e estatístico de doenças mentais (DSM), um estado extremo de ansiedade: o transtorno de pânico (TP), também conhecido como síndrome do pânico.


Por causa da semelhança com os sintomas de problemas cardiorrespiratórios, muitas pessoas com ataque de pânico vão parar no pronto-socorro ou passam
por consultórios médicos de diferentes especialidades antes de procurar um psicólogo ou psiquiatra ou ser encaminhadas. É três vezes mais comum em mulheres e surge com mais frequência no início da vida adulta. Em alguns casos, é acompanhado de agorafobia – o receio de ter uma crise faz a pessoa começar a evitar lugares e situações em que, acredita, é mais difícil escapar ou receber ajuda. Assim, tarefas cotidianas, como usar transporte público rumo ao trabalho, fazer compras no supermercado ou sair de casa sem companhia, tornam-se cada vez mais difíceis. “É comum que parentes não compreendam o problema e acreditem que ‘é coisa da cabeça’ de quem sofre e adaptem a rotina familiar para que a pessoa não fique ou não saia só, o que pode parecer uma boa ajuda, mas que acaba colaborando para a manutenção do transtorno”, diz a psicóloga Marcele Regine de Carvalho, pesquisadora do LABPR.

O transtorno de pânico não tem causa específica. O mais provável é que seja resultado da interação entre herança biológica e fatores psíquicos e ambientais, como o estresse. Ter um parente de primeiro grau com o distúrbio é o principal fator de risco. Estudos com famílias, publicados nos anos 80 no Archives of General Psychiatry, demonstraram que pessoas com pai, mãe ou filho com transtorno de pânico têm oito vezes mais chances de apresentar os mesmos sintomas.
Pessoas com predisposição genética são mais suscetíveis a ter o distúrbio desencadeado por fatores externos, como algumas drogas. “São frequentes crises que se seguem ao abuso de álcool ou uso de substâncias recreativas, entre elas a maconha, e também de psicoestimulantes, como anfetaminas e café em excesso”, diz o psiquiatra Márcio Bernik, coordenador do Ambulatório de Ansiedade do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP). Medicamentos anorexígenos (com finalidade de emagrecer), corticoides e broncodilatadores também podem induzir ataques.

PÍLULAS E CRENÇAS
 
O tratamento com medicamentos e psicoterapia cognitivo-comportamental (PCC) controla os sintomas em mais de 85% dos pacientes sem agorafobia – resultados que se mantêm mesmo depois de interrompê-lo. “Os medicamentos mais indicados são os benzodiazepínicos (ansiolíticos) e antidepressivos. Muitos pacientes utilizam fármacos dos dois grupos, para que sejam ministradas doses menores de cada, o que reduz efeitos colaterais. A medicação bloqueia os ataques de pânico, abrindo caminho para enfrentar situações temidas”, diz Nardi.

A PCC é uma abordagem breve, que ajuda o paciente a perceber padrões de pensamento que alimentam sua ansiedade e a aprender algumas estratégias para lidar com ela no dia a dia. “A maneira como se avalia uma situação influencia emoções, comportamentos e reações fisiológicas. Interpretações exageradamente negativas ou catastróficas, causam respostas físicas desproporcionais à realidade. Reestruturar pensamentos distorcidos é uma forma de alterar emoções e atitudes”, diz Marcele.


Para isso, é essencial compreender a ansiedade como um mecanismo de defesa: as reações que desencadeia, embora assustem, não são necessariamente perigosas e podem ser controladas. A hiperventilação – decorrente das inspirações rápidas e profundas em uma crise de pânico, que pode desencadear a parte “automática” de um ataque –, por exemplo, pode ser amenizada com respiração diafragmática. De forma semelhante, exercícios de relaxamento podem reduzir a excitação neuromuscular e a hiperatividade cognitiva.

Estudos com testes respiratórios – como hiperventilação voluntária e inalação de dióxido de carbono (CO2) para induzir sintomas de pânico em laboratório –, aliás, demonstram que pacientes com o distúrbio são excessivamente sensíveis a essas alterações. Os núcleos da base (estruturas interconectadas com o córtex cerebral, o tálamo e o tronco encefálico, onde são sintetizados neurotransmissores), por exemplo, têm papel tanto na regulação da respiração quanto no processamento de emoções primitivas, como o medo. “Existe uma relação entre equilíbrio de neurotransmissores, pH do sangue e sistema respiratório. Pacientes que hiperventilam antes de um ataque de pânico podem aprender a bloquear a crise respirando adequadamente”, diz Nardi.


PROVOCANDO SINTOMAS
 
Fugir ou evitar situações que causam desconforto pode, em um primeiro momento, trazer alívio. Por outro lado, porém, mantém intactas as crenças que sustentam o medo. Uma segunda etapa da PCC, depois da reestruturação cognitiva e treino para lidar com os sintomas, é a terapia de exposição. Com orientação do psicólogo, o paciente faz exercícios que simulam sintomas de ansiedade e também entra em contato com estímulos temidos. “O objetivo é que ele consiga experimentar sintomas e habituar-se a eles, para que qualquer mudança corporal percebida não dispare necessariamente um ataque de pânico”, diz Marcele.

Correr no mesmo lugar, respirar por um canudo fino, prender a respiração e hiperventilar são exemplos de exercícios que simulam sensações físicas de uma crise. Já a exposição a situações que despertam a ansiedade é gradual e repetitiva, de modo a adaptar o paciente ao estímulo, extinguir a resposta de medo e fazê-lo perceber que suas previsões excessivamente negativas raramente se confirmam. É comum que o psicólogo cognitivo faça também simulações imaginárias ou virtuais para adaptar o paciente aos poucos. “Grupos de apoio também são importantes. Ajudam a perceber que existem pessoas com problemas semelhantes e, principalmente, que muitas melhoram. Para os parentes de quem tem o transtorno é uma oportunidade para esclarecer dúvidas e preconceitos, além de aprender estratégias de enfrentamento", diz Bernik.

“O medo não é o sistema de navegação confiável que supomos. Ele se alimenta de crenças irracionais, de ‘certezas’ que, na realidade, apenas tornam nosso comportamento menos adequado, obscurecem nossas expectativas, afetam drasticamente a qualidade vida”, diz Leahy. Será que todas as nossas preocupações são importantes a ponto de ser preciso dar ouvidos a todas elas para nos proteger? A ansiedade nos permite antecipar problemas e soluções possíveis para evitar a dor e preservar nosso bem-estar – apesar de parecer o contrário. Nas palavras do pensador Sêneca, “há mais coisas que nos assustam do que coisas que efetivamente nos fazem mal; afligimo-nos mais pelas aparências do que pelos fatos”.


ESTRESSE SOB CONTROLE

Congestionamentos, demandas do trabalho, cuidar de si próprio e de outros. É possível enumerar centenas de situações, apenas as mais corriqueiras, que deflagram estresse e ansiedade. São parte do cotidiano da maioria das pessoas. A diferença é a maneira como cada um lida com elas. Algumas medidas que ajudam a gerenciar melhor essas emoções:

1. Exame dos pensamentos
 
O psicólogo Robert Epstein, doutor pela Universidade Harvard, investigou como mais de 3 mil pessoas lidavam com as pressões do dia a dia. Ele descobriu que os que buscavam controlar pensamentos negativos – tentando enxergar a situação de maneira mais condizente com a realidade ou de perspectiva mais positiva – apresentavam menos sintomas de distúrbios psíquicos. Segundo o pesquisador, pessoas com transtornos de ansiedade tendem a antecipar problemas, superestimar sua importância e, mais ainda, prever desfechos trágicos. “Reinterpretar os eventos da vida faz com que eles deixem de nos incomodar tanto. A psicoterapia pode ser crucial nesse processo”, diz.

2. Relaxamento
 
Não faltam estudos que atestam os benefícios do ioga, de exercícios respiratórios e técnicas de meditação. Meditar regularmente reduz os níveis de cortisol, hormônio relacionado ao estresse, e fortalece o sistema imunológico. Atividades de lazer também são importantes para amenizar a rotina e tirar o foco das preocupações.

3. Atividade física
 
Mexer o corpo melhora o humor. Atividade física regular estimula a produção de neurotransmissores, como a serotonina e a dopamina, associadas às sensações de bem-estar e de motivação. Além disso, exercícios ao ar livre ou mesmo na academia de ginástica são boa oportunidade para sair de casa e interagir socialmente. As relações sociais são importantes para a manutenção do humor e da autoestima.

4. Alimentação
 
Dieta rica em nutrientes mantém a saúde do corpo – e também da mente. O endocrinologista sueco Fredik Nystrom, da Universidade de Linkoping, estudou o humor de 18 voluntários que, durante um mês, comeram apenas em lanchonetes – cardápio, claro, baseado em frituras e açúcar – e não fizeram exercícios físicos. Conclusão: o aumento da irritabilidade e do humor deprimido foi proporcional ao “estrago” na alimentação. Por outro lado, alimentos ricos em ácidos graxos ômega 3, como peixes, abóbora, semente de linhaça, soja, castanhas e, em menor quantidade, espinafre, couve e pepino, estão associados à melhora do bem-estar.

Vamos ao médico?

Pessoas com problemas de ansiedade geralmente são divididas em dois grupops: Um grupo que está convencido de que eles são ou estão ficando loucos e o outro que pensa que tem algum problema grave de saúde que vai levar a morte.

O medo de enlouquecer é comum entre pessoas que sofrem de ansiedade. No entanto, esse medo é bobagem porque ansiedade não causa insanidade.

É compreensível que uma pessoa ansiosa desenvolva esse tipo de idéia. O stress provoca uma grande dose de preocupação e introspecção. Mas te garanto que este medo terrível que você tem de ficar louco, não vai se tornar realidade. Esse pensamento é gerado porque você está sob muito stress.


Mas o segundo grupo que acha que pode ter uma doença, por favor, vá ao médico. Você pode estar certo. Mas calma, não surte! Embora existam problemas médicos que de fato causam sintomas de ansiedade, não significa que seja uma doença fatal e incurável.


Por exemplo... já ouviu falar em problemas de tireóide? 


A maioria das pessoas ansiosas pensam que tem algum problema de saúde grave. Você ouve pessoas ansiosas falando sobre ataques cardíacos, câncer no cérebro, até mesmo a esclerose múltipla é citada como uma possível causa para seus sintomas. Mas há outros problemas de saúde, muito menos dramáticos, que talvez estejam te fazendo ter esses sintomas.

A causa médica mais provável que causam sintomas de ansiedade é o hipertireoidismo. 

O hipertiroidismo é uma doença causada pelo funcionamento exagerado da tiróide (uma glândula localizada no pescoço). Com isso, a glândula produz mais hormônios tiroidianos do que o normal – a tiroxina (T4) e a triiodotironina (T3), o que faz com que todos os processos regulados por essas substâncias fiquem acelerados, como o próprio metabolismo, o crescimento celular e as funções cardíacas, gastrointestinais e neurológicas, entre outros.

Nem todas as pessoas com ansiedade crônica tem um problema de tireóide, mas se você ainda não foi ao médico fazer um check-up, é recomendado que você faça. Eu sei que você deve estar com medo de ir ao médico. Eu entendo isso. Você deve estar com mais medo ainda de ver o resultado dos seus exames. Eu entendo isso também. 

Mas é importante lembrar que um simples exame de sangue irá te dizer se o seu problema de ansiedade é realmente apenas uma questão hormonal ou se é coisa da sua cabeça. É melhor saber o que realmente está acontecendo com você do que ficar com essa dúvida que só vai aumentar seu stress.


É exatamente pelo fato de você ter transtorno de ansiedade que você precisa dar o primeiro passo para sua cura: fazer um check-up. Uma vez que você foi ao médico e fez todos os exames que deveria e o médico te diz com todas as letras que você é saudável, aí sim você vai tirar esse peso do seu ombro e poder começar a lutar contra seus problemas reais.


Se você já fez todos os exames e nada de anormal foi encontrado, então essa é a hora de aceitar que você é realmente uma pessoa saudável e começar desenvolver um plano de ação para lidar com suas crises. 


E é exatamente isso que tento fazer nesse blog, te ajudar a entender que você é saudável e a cura para suas crises já está dentro de você, mesmo que você não acredite nisso.

Thursday 1 May 2014

Crise de pânico causada por exercício físico?

Olá pessoal! Me desculpem por não ter postado nada por algum tempo! A vida anda meio corrida e fiquei sem tempo de atualizar o blog. Tenho recebido tanto feedback positivo de vocês leitores que decidi voltar e continuar a escrever coisas relacionadas com pânico e ansiedade.

Lembro que quando tinha síndrome do pânico, sofria muito para me exercitar. Ir na academia ou praticar qualquer tipo de esporte era um pesadelo, por isso decidi voltar ao blog hoje e falar um pouco sobre este assunto. 

A pergunta é se uma crise de pânico pode ser induzida por exercício físico e se as vertigens e tonturas que sentimos durante o exercício são causadas pela ansiedade mesmo ou se há algo a mais. 

Desde que você começou a ter crises de pânico, uma das primeiras coisas que fez foi ler online sobre o assunto, certo? Então você já sabe que um dos conselhos mais comuns para as pessoas que sofrem de ansiedade é que elas se exercitem.

Então você lê que deveria se exercitar e já corre para a academia com sua roupa nova. Você chega lá e vê que alguém acabou de liberar uma esteira e então corre até lá antes que alguém chegue primeiro. Você sobe e começa o processo não tão divertido de se exercitar - até aí tudo bem! Depois de descer da esteira, você nota que as coisas não estão tão bem assim. Você sente falta de ar, tontura, vertigens e parece que tudo está rodando. Você se pergunta se isso é normal por causa do exercício ou se é uma bela crise de pânico a caminho. 
  
Exercício físico pode causar ou não tonturas e vertigens? Sim, claro que pode! Você não tem que ter transtorno de ansiedade para se sentir sem equilíbrio ou ter tonturas após exercitar-se. Sentir esses sintomas é absolutamente normal e não tem relação alguma com suas crises de pânico.  

Por que?

Quando nós nos exercitamos, muitas coisas acontecem ao mesmo tempo no nosso corpo. Em primeiro lugar - o músculo cardíaco começa a bater mais rápido para que possa enviar sangue para os músculos que estão se movimentando. Isto por sua vez aumenta o fluxo sanguíneo e provoca a expansão dos vasos sanguíneos. Com os vasos sanguíneos estando alargados, fica mais fácil para o coração enviar todo o sangue necessário para os músculos que estão trabalhando. Quando você para de se exercitar, a circulação do sangue fica mais lenta porque os músculos que estavam trabalhando duro não estão mais pedindo tanto oxigênio/energia. Apesar da sua circulação ter diminuido logo após o fim do exercício, os vasos sanguíneos no corpo permanecem expandidos por mais um tempo e isso pode fazer sua pressão arterial cair, o que pode causar tontura! 

Prevenção 

Apesar de ser comum ficar tonto após/durante um treino, existem algumas medidas que você pode tomar para evitar ou pelo menos diminuir a chance disso acontecer.

Para começar, você precisa comer direito e se manter bem hidratado. Quando nos exercitamos, estamos usando uma grande quantidade de energia e precisamos ter certeza de que o nosso corpo está preparado para lidar com isso. Isso não significa que você tem que comer refeição antes do exercício, mas você definitivamente tem que comer pelo menos um lanchinho e beber água antes e durante o treino, e o mais importate: certifique-se que você está respirando direito durante o exercício. Além disso, evite exercitar-se exposto ao calor ou frio intenso.

Quando as pessoas treinam, especialmente com pesos, elas tendem a prender a respiração sem perceber. Isso obviamente não é uma boa idéia porque seu corpo precisa todo o oxigênio possível durante o exercício. Lembre-se de que oxigênio é seu combustível. Não importa se você está respirando pelo nariz, pela boca ou pelos dois! O importante é o ritmo da sua respiração que precisa ser firme e constante.  

Outra medida preventiva muito importante está no aquecimento e no resfriamento do corpo. Como disse antes, quando você para de se exercitar de repente, a sua circulação sanguínea diminui rapidamente, mas os vasos sanguíneos ainda ficam expandidos por um tempo. Então se você tirar um tempinho do seu treino para  fazer um aquecimento e no final um resfriamento, você está dando tempo ao seu corpo para encontrar com o seu ritmo cardíaco. Isso permite que o seu corpo fique mais em sintonia com o seu coração. 

Alongue-se antes e após os treinos. Quando seu treino estiver chegando ao fim, você não deve simplesmente parar! Você tem que ir parando aos poucos. Se você estiver correndo, vá diminuindo para uma corrida lenta até que vire uma caminhada rápida. Se você estiver fazendo outro exercício que acelere bastante seu ritmo cardíaco, diminua o ritmo gradualmente antes de acabar o exercício até se sentir relaxado e retomar seu fôlego.  

Exercitar-se não tem que ser uma punição. Seja paciente com você mesmo. Às vezes nós ficamos sem praticar nenhuma atividade física por meses ou mesmo anos. Não podemos pensar que podemos voltar aos mesmos exercícios que fazíamos quando estávamos em forma. Seu corpo precisa de tempo para se adaptar à sua nova rotina de exercícios e criar uma resistência. Não tem que ter pressa. Seu corpo vai fazer o que você quer que ele faça mas ele precisa de tempo para construir a força necessária. 

A conexão com a ansiedade 

Então exercício físico pode me induzir a ter um ataque de ansiedade? Sim, pode. Isso porque durante o exercício físico, o corpo se submete à mesma série de mudanças fisiológicas que ocorrem durante um ataque de ansiedade. Sudorese, respiração descontrolada, aumento da freqüência cardíaca, tonturas. Esses sintomas te parecem familiar? Isso acontece especialmente para que está começando a se exercitar a pouco tempo. Você pode sentir um pouco fora de controle e fora de equilíbrio. Isso pode te causar desconforto e ansiedade. Mas lembre-se que exercício físico a longo prazo é bom para você! 

É normal se sentir desconfortável quando você se esforça fisicamente. Sua mente está tão concentrada nos seus sintomas físicos que até o fato do seu coração estar batendo muito rápido pode te assustar. Você faz uma ligação inconsciente entre o que sente durante ou depois de um treino e suas experiências passadas com a ansiedade e crises de pânico - e isso é muito comum. A pessoa que sofre de ansiedade presta muito mais atenção nos sintomas do seu corpo do que uma pessoa "normal". Então, se você sente alguma coisa fora do normal, isso logo se torna uma grande preocupação, quase um tormento.  

Atenção

Ter tonturas e vertigens constantemente depois de um treino não é normal. 
É normal se acontecer de vez em quando, mas não se acontecer com muita frequência. Além disso, se você já se sentiu ou sente tonturas ou vertigens durante um treino, isso pode ser sinal de um problema sério. Neste caso, vá ao médico imediatamente para fazer exames antes de pensar em praticar algum exercício. 


Conclusão 

Eu estive nessa situação quando tinha 21 anos. Eu achava que ia desmaiar e morrer toda vez que ia à academia ou que ia dar uma corridinha no parque ou fazer qualquer atividade que alterasse meu ritmo cardíaco. Eu não conseguia entender por que isso estava acontecendo. Como muitos de nós fazemos quando preocupados com a nossa saúde, fui ao médico e fiz vários exames e os resultados foram todos normais.  O médico simplesmente me disse para respirar direito enquanto me exercitava e não exagerar. Em outras palavras, tudo isso é muito comum. Se você tem esse mesmo problema, vá ao médico e faça os exames que forem preciso... e tire esse peso de você. Uma vez que tiver os resultados dos exames, você se sentirá mais confiante para se exercitar com segurança. 

Lembre-se que se exercitar faz muito bem. Faz bem para a saúde (o que tanto nos preocupa!), faz bem para o coração, para nossa auto-estima (que muitas vezes é destruída pela síndrome do pânico) e é a nossa chance de nos libertar do stress acumulado durante o dia.

Não aceite as limitações que a ansiedade coloca em você. Não tenha medo de enfrentar sua ansiedade. Todos nós somos corajosos quando precisamos ser.